13 outubro 2010

CONQUISTAS INDIVIDUAIS

"Eu não consigo, por mais que tente. Para mim é impossível."
Essas são frases que podemos ouvir vez ou outra e que, em essência, não traduzem a verdade.
Não há obstáculos intransponíveis ou insuperáveis ao ser humano que verdadeiramente anseie por vencê-los.
Recordamos de Mabel Hubbard que aos quatro anos de idade teve um violento ataque de escarlatina e se tornou apática e calada.
Alguns dias depois, a criança reclamou: "por que os pássaros não cantam? Por que vocês não falam comigo?"
As perguntas cortaram o coração dos pais que, só então, perceberam que a enfermidade deixara sua filha completamente surda. Mas ela tinha uma vantagem sobre as demais crianças que nasciam surdas. Ela sabia falar. Como preservar isso era o grande desafio para seus pais.
O diretor de uma escola para cegos, em Boston, lhes disse que eles poderiam preservar a fala da filha, desde que a obrigassem a falar sempre, que jamais aceitassem gestos. Que eles a ensinassem pela vibração.
Fizessem-na sentir a garganta, o ronronar do gato, o piano. E ler o movimento dos lábios.
Assim foi, embora fosse doloroso por vezes não dar à criança o leite que apontava insistente. Não, até ela pedir: quero leite. Ou então fingir que não estavam vendo seus gestos desesperados para ir passear, até que ela falasse: "quero ir passear. Quero sair."
Quatro anos depois, Mabel estava adaptada em todos os aspectos à vida normal. A professora que ensinava suas outras irmãs a ela também o fez. Ela aprendeu a ler, escrever, soletrar.
A outra batalha que seus pais precisaram superar foi com o próprio legislativo estadual. Naquela época as crianças surdas, ao atingirem 10 anos de idade, eram simplesmente despachadas para asilos no estado vizinho.
E o pai, advogado, começou a lutar para que se elaborassem leis para a criação de escolas para surdos. A própria Mabel foi levada frente a uma comissão a fim de provar que crianças surdas tinham capacidade de aprendizado.
Um dos funcionários afirmou que a recuperação da fala pela criança surda custava mais do que compensaria ouvi-la falar. Além do que, concluía, mesmo que o surdo dissesse algumas palavras, por maior que fosse o êxito atingido na articulação das palavras, a sua inteligência continuaria sempre em trevas.
Mabel derrubou as afirmativas, demonstrando seus conhecimentos de história, geografia, matemática, respondendo às questões que lhe foram formuladas e lendo de forma fluente.
Nada intimidou a menina. Ela fora criada numa família com muitos parentes. Estava acostumada a viver em meio a muita gente.
Ao lhe perguntarem se era surda, ela olhou para sua professora e, intrigada, indagou: "senhorita, o que é uma criança surda?"
Até então não percebera que era diferente.
Essa criança se tornou mais tarde a esposa de um homem que desde sua meninice vivia às voltas com o som: Alexander Graham Bell.
Tornou-se uma pessoa excepcional. Era alegre, espirituosa, imensamente cativante. Durante quase 50 anos ela amparou e inspirou seu brilhante e excêntrico marido, o inventor do telefone. 
Seleções do Rider’s Digest, julho 1963 - Ouve, meu amor

3 comentários:

  1. Bom dia!!!
    Realmente...precisamos rever os nossos padrões de afirmações...
    Pois tudo quanto afirmamos e acreditamos, estaremos trazendo para nossas vidas!
    Um beijo !
    Sua filha está melhor?

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  2. Oi Sônia,

    Fique arrepiada ao ler essa história, nossa me tocou profundamente...
    Ainda bem que estamos em evolução e hoje as chamadas crianças "especiais" já podem ser aceitas em escolar ditas "normais", mas ainda temos muito que evoluir.

    Obrigada por compartilhar conosco esse texto querida!

    Beijo grande,

    Eliane.

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  3. Olá Sonia.
    Muito interessante esta história.
    Isto prova que não existe obstáculos para ninguém, a nossa força interior é surpreendente. Pensei neste momento sobre os mineiros que estão sendo resgatados depois de quase 3 meses naquela profundidade, não é fácil não. E da onde eles tiraram tanta força?
    Pois é, o ser humano não tem a mínima idéia do seu Poder e Força.
    Um grande Abraço querida!
    Lú.

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