28 setembro 2012

FRACASSO E RESPONSABILIDADE


Muito cômodo atribuir-se o insucesso das realizações a outrem, transferindo responsabilidades.
        Incapaz de encarar o fracasso do verdadeiro ângulo pelo qual deve ser examinado, o homem que faliu acusa os outros e exculpa-se, anestesiando os centros do discernimento, mediante o que espera evadir-se do desastre.
        Há fatores de vária ordem que contribuem poderosamente em todo e qualquer cometimento humano. O homem de ação, porém, graças aos seus valores intrínsecos reais, responderá sempre pela forma como conduz o programa que tem em mãos para executar. Assim, portanto, pelos resultados do empreendimento.
        Pessoas asseveram em face dos desequilíbrios que se permitem: "Não tinha alternativa. Fui induzido pelos maus amigos." Outras criaturas afirmam após a queda: "Os Espíritos Infelizes ganharam a batalha, após a insistência e a perseguição que eu não mais aguentava." Diversos justificam a negligência, sob o amparo do desculpismo piegas e da desfaçatez indébita.
        Luta sem desfalecimento e perseverança no posto em qualquer circunstância são as honras que se reservam ao candidato interessado na redenção.
        O vinho capitoso flui da uva esmagada.
        O pão nutriente surge do trigo triturado.
        A água purificada aparece após vencer o filtro sensível.
        Os dons da vida se multiplicam mediante as contribuições poderosas da transformação, da renovação, do trabalho.
        Não te escuses dos dissabores e desditas, acusando o teu irmão. Mesmo que ele haja contribuído para a tua ruína, é o responsável. Porque agiste de boa-fé com leviandade, ou tutelado pela invigilância, não te deves acreditar inocente.
        Cada um sintoniza com o que lhe apraz e afina.
        O Evangelho na sua beleza e candidez de linguagem, registra e nos recorda a incisa e concisa lição do Mestre: "Sede mansos como as pombas e prudentes como as serpentes." Sem que estejas em posição belicosa, colocado em situação contrária, abre a alma ao amor para com todos, porém vigia "o coração porque dele procedem as nascentes da vida".
        Diante de qualquer fracasso, refaze as forças, assume responsabilidades e tenta outra vez. Quiçá seja esse o feliz instante de acertares logrando êxito.

27 setembro 2012

SEMEADOR DE LUZ



Jorram os raios de luz que disparam na tua alma, junto ao solo dos corações, enquanto ampliam soberanas sombras e imperfeições.

Malgrado estejam feridas tuas mãos pelo cajado das lutas cotidianas, não seja isto empecilho para o senhor da sementeira. Pelo contrário, permite que as gotas de suor da face cansada e as bagas sanguinolentas, caindo na terra das almas se transformem na umidade generosa que desenvolve o embrião a dormir no casulo do amor latente em todos.

Embora os pés assinalados pela presença dos espinhos e da urze avançam na direção do Infinito, alargando a vereda que se estreita à frente para que os da retaguarda possam avançar também.
Não fales de cansaço nem ajunte decepção. Aqueles que entesouram o amor podem desdobrar em milhares as moedas da coragem, para continuarem ricos de entusiasmo.
Multiplicam os haveres na razão em que os doam e quantos mais distribuem mais possuem, conseguindo o milagre da felicidade onde se encontram.
Passam muitas vezes combatidos pela indolência de uns e perseguidos pela rebeldia de outros, mas não se detêm.
Utilizando o tempo com propriedade, por reconhecerem que a hora da semeação passa breve e é necessário aproveitar o momento certo, não se rebelam, nem adiam, insistindo e perseverando com otimismo.
Semeador da luz: não temas a treva nem a discórdia, a precipitação ou a preguiça.

25 setembro 2012

APRESENTAÇÃO DOS DESENCARNADOS


O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os médiuns humanos, quando se comunicam na Terra, pode variar infinitamente. Os Espíritos superiores, pelo domínio natural que exercem sobre as células psicossomáticas, podem adotar a apresentação que mais proveitosa se lhes afigure, com vistas à obra meritória que se propõem realizar. Entretanto, essa maneira de intercâmbio não é a mais comum, porque, de modo geral, os desencarnados impressionam os instrumentos mediúnicos encarnados na forma em que efetivamente se encontram. Decerto, não falta indumentária digna às criaturas que se emanciparam do vaso físico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e carinho por mãos hábeis e nobres da esfera extrafísica. Importante considerar, todavia, que os Espíritos desencarnados, mesmo os de classe inferior, guardam a faculdade de exteriorizar os fluidos plasticizantes que lhes são peculiares, espécie de aglutininas mentais com que envolvem a mente mediúnica encarnada, recursos esses nos quais plasmam, como lhes seja possível, as imagens que desejam expressar e que adquirem para as percepções do médium coloração e movimento, fazendo-o exprimir-se ou agir, em comportamento semelhante ao sujeito passivo na hipnose provocada. Tais fenômenos, porém, são isolados e apenas se verificam entre o médium e a entidade que o influencia, sem substância na realidade prática, qual ocorre no campo das sugestões, durante a interligação mento-psíquica, entre o hipnotizado e o hipnotizador. Surge, diante disso, uma questão curiosa: Como entender a existência de roupas, calçados e outros petrechos nas entidades desencarnadas? Esclarece André Luiz: “A mente não comanda as moléculas de algodão do vestuário de que se serve no corpo físico, mas pode usá-las, segundo as suas necessidades no mundo. Ocorre o mesmo no Plano Espiritual, em que nos utilizamos das possibilidades ao nosso alcance para atender a esse ou àquele imperativo de nossa apresentação
(Evolução em dois Mundos, 2a  Parte, cap. V, pp. 179 e 180.)

23 setembro 2012

JUSTIÇA NA ESPIRITUALIDADE


No mundo espiritual, a autoridade da justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo. Ainda assim, existem no mundo espiritual santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando lhes os méritos e deméritos. A organização do júri, em numerosos casos, é ali observada necessariamente, mas ele é constituído de Espíritos integrados no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, para que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta. Há delinquentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis. É importante considerar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis, e quanto mais avançado os valores culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração.
 (Evolução em dois Mundos, 2a  Parte, cap. VI, pp. 181 e 182.) 

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