21 novembro 2009

EXSÊNCIA DE DEUS



Conta-se que um velho árabe analfabeto orava com tanto fervor e com tanto carinho, cada noite, que, certa vez, o rico chefe de grande caravana chamou-o à sua presença e lhe perguntou:
- Por que oras com tanta fé? Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler?
O crente fiel respondeu:
- Grande senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celeste pelos sinais dele.
- Como assim? - indagou o chefe, admirado.
O servo humilde explicou-se:
- Quando o senhor recebe uma carta de pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu?
- Pela letra.
- Quando o senhor recebe uma jóia, como é que se informa quanto ao autor dela?
- Pela marca do ourives.
- O empregado sorriu e acrescentou:
- Quando ouve passos de animais, ao redor da tenda, como sabe, depois, se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
- Pelos rastos - respondeu o chefe, surpreendido.
Então, o velho crente convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o céu, onde a Lua brilhava, cercada por multidões de estrelas, exclamou, respeitoso:
- Senhor, aqueles sinais, lá em cima, não podem ser dos homens!
Nesse momento, o orgulhoso caravaneiro, de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia e começou a orar também.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso. Ditado pelo Espírito Meimei. 19 edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB.

20 novembro 2009

OS ESPIRITOS DO SENHOR

Que são as virtudes dos Céus,

qual imenso exército que se movimenta

ao receber as ordens do seu comando,

espalham-se por toda a superfície da Terra e,

semelhantes a estrelas cadentes,

vêm iluminar os caminhos e abrir os olhos aos cegos.

Eu vos digo, em verdade,

que são chegados os tempos

em que todas as coisas hão de ser restabelecidas

no seu verdadeiro sentido,

para dissipar as trevas,

confundir os orgulhosos e

glorificar os justos.

As grandes vozes do Céu

ressoam como sons de trombetas,

e os cânticos dos anjos se lhes associam.

Nós vos convidamos, a vós homens,

para o divino concerto.

Tomai da lira, fazei uníssonas vossas vozes,

e que, num hino sagrado, elas se estendam e

repercutam de um extremo a outro do Universo.

Homens, irmãos a quem amamos,

aqui estamos junto de vós.

Amai-vos, também, uns aos outros

e dizei do fundo do coração,

fazendo as vontades do Pai, que está no Céu:

Senhor! Senhor!...

e podereis entrar no reino dos Céus.



O ESPÍRITO DE VERDADE

16 novembro 2009

JOVEM CANGURU

Uma geração de jovens que já trabalham e ganham seu dinheiro mas resistem à ideia de deixar a casa dos pais estabelece um novo padrão de comportamento
Carolina Romanini
É natural que os jovens, assim que começam a trabalhar e a ganhar o próprio dinheiro, sonhem em deixar a casa dos pais. Conquistar a independência, ter o seu canto, receber os amigos e namorados na hora que quiser – tudo isso faz parte do rito de passagem para a fase da vida em que a noção de responsabilidade adquire um significado mais amplo. Essa ordem natural das coisas vem sendo desafiada por muitos adultos jovens. Embora já trabalhem, eles preferem permanecer na casa da família – e nem sequer têm planos de morar sozinhos. São os chamados jovens cangurus, uma analogia com os mamíferos da Austrália que andam de carona na bolsa abdominal da mãe. Segundo o instituto de pesquisas LatinPanel, de São Paulo, há hoje no Brasil 3,3 milhões de famílias das classes média e alta com filhos cangurus. Isso equivale a 7% das famílias do país. A maioria deles se encontra na faixa dos 25 a 30 anos, mas, entre os já quase quarentões, 15% ainda moram com os pais . Quando se considera que até meados do século XX as mulheres – e muitos homens – só deixavam a casa paterna para casar, surge a questão: terá havido um retrocesso na independência conquistada pelos jovens? Não é bem assim. Os jovens cangurus têm boas razões para ficar em casa.
Foto Will & Deni Mcintyre/Latinstock
O primeiro motivo que desestimula os jovens de conquistar o próprio espaço é que eles desfrutam em casa toda a liberdade que desejam. Filhos cangurus quase sempre têm pais liberais, que respeitam sua individualidade e não entram em conflito com eles – desde que o respeito seja mútuo, é claro. O psiquiatra Içami Tiba, autor de vários livros sobre o comportamento dos jovens, avalia que a cumplicidade está na base da relação entre jovens cangurus e seus pais. "Essa nova relação familiar só é possível quando os pais deixam de ver os filhos como subordinados a eles e se tornam seus companheiros", diz Tiba.
A liberdade que os jovens cangurus têm na casa dos pais leva ao segundo motivo citado por eles para não deixá-la – a manutenção do padrão de vida que desfrutam. Roupa lavada, empregada doméstica à disposição e comida na mesa são alguns dos luxos dos quais teriam de abrir mão.

O terceiro motivo que leva os jovens cangurus a permanecer na casa dos pais é a possibilidade de usar o próprio dinheiro no aperfeiçoamento de sua formação acadêmica. A competitividade do mercado, em todas as áreas, exige que os jovens tenham um currículo cada vez mais atraente. Além disso, os empregadores fazem questão de experiência anterior na área – que geralmente é adquirida em trabalhos mal remunerados.

permanência de jovens adultos que já trabalham na casa dos pais é comum em muitos países. Na Itália, esse tipo de conduta é uma tradição. Os italianos chamam esses personagens de bamboccioni, ou crianças grandes – é voz corrente no país que as mães estimulam a permanência em casa pela afetuosidade exuberante que demonstram com relação aos filhos. Já os japoneses são menos simpáticos ao se referir aos jovens cangurus. Eles são chamados de solteiros parasitas. "Em países como o Brasil, a Itália e o Japão, a demora para sair de casa é típica de uma geração que posterga a adolescência, o casamento e a paternidade, quando não desiste de vez dos filhos", disse a VEJA a psicóloga Barbara Hofer, da Universidade de Middlebury, em Vermont, nos Estados Unidos, que estuda o fenômeno há quatro anos.

Nos Estados Unidos, os jovens cangurus são chamados de filhos bumerangues e têm um perfil diferente. Pelos costumes americanos, ao ingressarem na faculdade, os jovens saem de casa e vão morar em repúblicas de estudante ou no próprio câmpus. Depois de formados, espera-se que eles logo arrumem emprego na área em que se especializaram e não voltem mais para a casa dos pais. Essa tradição é interrompida quando o nível de desemprego nos Estados Unidos se eleva. Foi o que aconteceu em 2003, quando mais da metade dos recém-formados americanos retomou o caminho de casa. "Com a crise econômica atual, espera-se um número recorde de estudantes que não conseguirão emprego ao se formar e terão de voltar a morar com os pais", prevê a psicóloga Barbara Hofer. Embora os costumes no Brasil sejam diferentes, é bem provável que esse efeito colateral da crise também se abata sobre o país, multiplicando a quantidade de jovens cangurus.

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