
Feliz daquele que destaca uma parcela do que possui, a benefício dos
semelhantes!
Bem-aventurado aquele que dá de si próprio!
Através de todos os filtros do bem, o amor é sempre o mesmo, mas, enquanto as
dádivas materiais, invariavelmente benditas, suprimem as exigências exteriores,
as doações de espírito interferem no íntimo, dissipando as trevas que se
acumulam no reino da alma.
Dolorosa a tortura da fome, terrível a calamidade moral.
Divide o teu pão com as vítimas da penúria, mas estende fraternas mãos aos que
vagueiam mendigando o esclarecimento e o consolo que desconhecem.
Não precisas procurá-los, de vez que te cercam em todos os ângulos do caminho
....
São amigos e por vezes te ferem com supostas atitudes de crueldade, quando
apenas te esmolam conforto, comunicando-te, em forma de intemperança mental, as
chamas de sofrimento que lhes calcinam os corações;
categorizam-se por adversários e criam-te problemas, não por serem perversos,
mas porque lhes faltam ainda as luzes do entendimento;
aparecem por pessoas entediadas, que dispõem de todas as vantagens humanas para
serem felizes, mas a quem falta uma voz verdadeiramente amiga, capaz de
induzi-las a descobrir a tranquilidade e a alegria, através da sementeira das
boas obras;
surgem na figura de criaturas consideradas indesejáveis e viciosas, cujo
desequilíbrio nada mais é que a expectativa frustrada do amparo afetivo que
suplicaram em vão!...
Para atender aos que carecem de apoio físico, é preciso bondade;
no entanto, para arrimar os que sofrem necessidades da alma, é preciso
bondade com madureza.
Se já percebes que nem todos estão no mesmo degrau evolutivo, auxilia com a tua
palavra ou com o teu silêncio, ou com o teu gesto ou com a tua decisão no
plantio da união e da concórdia, da esperança e do otimismo, no terreno em que
vives!...
Compreender e compreender para a sustentação da lavoura do bem que se cobrirá
de frutos para a felicidade geral.
Não te digas em solidão para fazer tanto...
Refletindo em nossos deveres, ante as doações espirituais, lembremo-nos de
Jesus.
Nos dias de fome da turba inquieta, reunia-se o Divino Mestre com os amigos
para beneficiar a milhares; entretanto, na hora do extremo sacrifício, quando
lhe cabia socorrer as vítimas da ignorância e do ódio, da violência e do
fanatismo, ele sozinho fez o donativo de si mesmo, em favor de milhões.
André Luiz & Francisco C. Xavier