10 agosto 2010

Qual o Modelo de Espírita Perfeito?


         Dentro das limitações do meu conhecimento, não existe este espírita perfeito, no entanto já que ainda cometo falhas, mas vejo algumas pessoas espíritas veementemente apontando estas falhas minhas e dos outros, as vezes com dedo em riste, chamando atenção nos centros espíritas, em comentários nas rodas de conhecidos ou através do envio de E-mails, chego à conclusão de que eu deva estar errado nesta minha concepção.
         Deve existir, sim, espírita perfeito e eu gostaria de ser um deles!
         Que bom esta minha disposição para tal. Vou passar a fazer aquele “esforço” para melhorar-me logo, vou procurar aqueles espíritas que, pelas suas intervenções nas atitudes e nas vidas de outros espíritas, indiretamente estão se apresentando como impecáveis e perfeitos, embora no exercício daquela “humildade” insistem em dizer (apenas dizer) que não valem nada, que nada mais são do que simples grãos de areia.
         Mas mesmo assim vou correr atrás deles e passar a ser um espírita como eles são.
         Mas... peraí! Tem vários tipos de espíritas perfeitos que me mandam E-mails, com várias características e estilos. Qual deles eu devo seguir? Qual deve ser o meu modelo?
         Me disseram, nas obras básicas: O modelo deveria ser Jesus, mas conforme muitos demonstram, parece que não é Jesus não, são eles.
         Então eu devo escolher um desses modelos para “me dar bem” junto ao movimento espírita. Vou tratar de escolher então:

         Vou optar por ser um espírita igual àqueles que dedicam as suas vidas a atacar outros espíritas pelo fato de lerem e gostarem de autores os quais eles não gostam, como Roustaing, Pietro Ubaldi, Armond e outros, vendo os apreciadores destas obras como verdadeiros demônios, estabelecendo inimizades a ponto de detestarem e até odiarem essas pessoas. Afirmam estar defendendo Kardec e eu também quero defender Kardec. Talvez seja a alternativa.
ConsciênciaAlamar, você vai seguir esse modelo? Pense bem. Como você vai adotar um estilo de “defesa” de Kardec, atacando outras pessoas, detestando, odiando e agredindo o direito das pessoas em lerem o que quiseram, pensarem como quiserem e exercerem as suas liberdades conforme o seu livre arbítrio? Exigir dos outros pensarem exatamente conforme a sua cabeça é defender Kardec ou querer impor aos outros, autoritariamente, a sua maneira de pensar?

         Tem razão, Consciência, você tem razão. Vou então procurar outro modelo para seguir.
         Vou seguir então quem lê um texto, fica procurando erros gramaticais, palavras que na sua concepção são chamadas de “chulas” e começa a escrever criticando, muito “fraternalmente”, exigindo dos outros escreverem conforme o seu estilo, usando apenas as palavras que ele gosta de usar. Deve ser então a alternativa.
ConsciênciaCalma, Alamar. Pense bem nessa escolha. Você já parou para se perguntar se Deus ouve apenas as preces de quem fala absolutamente conforme as regras gramaticais e os tipos de palavras usadas? A prece vale pelo sentimento de quem a faz ou pela forma como é expressada? Então se você usar uma palavra bastante popular, em um texto carinhoso, que consegue fazer várias pessoas lhe retornarem agradecendo por tê-las feito enxergar alternativas que lhes dêem paz, alegria e solução de problemas não significa nada, só porque uma ou outra pessoa achou esse termo chulo? O que vale mais, o corpo ou o espírito? A forma ou o conteúdo? As palavras utilizadas são apenas os símbolos para as pessoas entenderem o que você quer dizer, a essência do que você diz. Isto é o espírito.

         Tem razão, Consciência. Vou procurar, então, outro modelo para seguir.
         Ah, já sei. Vou seguir o modelo praticante de uma atividade espírita conforme a sua cabeça, impondo as suas verdades, exigindo que todos interpretem a doutrina conforme a sua forma de ver. Vou ser como aquele dirigente que afasta dos trabalhos da casa aquele trabalhador que discorda de coisas que ele faz, como aquele que faz Espiritismo pela Internet, pelas listas de discussões, pelos IRCs, pelo PALTALK e pelas comunidades do Orkut que expulsam, através do instrumento de “BANIR”, todo aquele que ousa discordar do que ele fala, questionador, que pergunta muito ou apresenta teses além do conhecimento dos coordenadores. Deve ser um bom modelo a seguir.
ConsciênciaÉ um modelo, sim, sem dúvida alguma, mas um modelo Torquemada. O modelo autoritário que expulsa e afasta quem pensa diferente, questiona e discorda do que dizemos, certamente levaria pessoas à fogueira ou à guilhotina, muito “fraternalmente”, caso essas práticas ainda fossem permitidas na cultura atual. Inquisição não é modelo nem para se pensar mais nos dias de hoje, quanto mais praticar. O argumento utilizado por estes para justificar essas ações, sob pretexto de estarem defendendo a “pureza doutrinária” é o mesmo utilizado pelos carrascos da Companhia de Jesus para queimar pessoas na idade média, a pretexto de estarem preservando a “pureza da igreja”, salvando suas almas.

         Puxa vida, mas eu quero ser um espírita perfeito!!! Qual o modelo a adotar então?

         Ah, já sei. Vou adotar aquele modelo dos que criticam o Divaldo Franco pelo fato dele promover seminários com entradas pagas e também por propagar os seus livros, sob a argumentação de que Divaldo não ensina as obras básicas do Espiritismo e só fala nos seus livros. Deve ser um bom modelo, porque estarei também “defendendo” as obras básicas.
Consciência – Defendendo as obras básicas? É uma boa idéia, sim. Mas fechar os ouvidos para a fala de Divaldo em suas conferências, as quais sempre duram mais de sessenta minutos, onde a todo momento está citando as obras básicas, sugerindo às pessoas a estudarem a Doutrina, se apegando apenas ao pós palestra, criticando quando ele se senta para autografar os seus livros para pessoas desejosas de comprarem, espontaneamente, ou falando do preço cobrado pelo seminário, onde ele deixa sempre a metade para as obras patrocinadoras dos eventos e utiliza o restante para sustentação da sua obra e nunca em proveito próprio. É uma boa alternativa, Alamar?

Ótimo, amigo. Faça então um cheque, você, todos os meses e mande para a Mansão do Caminho a fim de cobrir as despesas com educação, alimentação, assistência médica e toda aquela estrutura de amor dedicada a mais de 3.000 crianças e incontáveis famílias das proximidades. É fácil, pague também, você, os aluguéis dos centros de convenções e auditórios, caríssimos, onde os eventos são realizados, para o conforto dos seus participantes, e pronto. Participe a vontade desses grupos.

Você mesmo anda dizendo não querer ser aquela criatura que diante de uma roseira só consegue enxergar espinhos, sem sensibilidade para ver as cores, o aroma e a beleza das rosas, ainda tem dúvidas se deve seguir este modelo?

          Éh, consciência, percebo-me não ter pensado nisso.

         Qual modelo eu devo seguir, então?

         Será que devo seguir aqueles que dizem que tem mais de 50 anos de Espiritismo, portam-se como donos da verdade, sabem mais do que todo mundo, vivem a dizer que “o silêncio é uma prece”?
         Ou sigo os que fazem apologia ao sofrimento dizendo sempre que sofrer é bom, que devemos sempre ser conformados com ele e que devemos ficar sorrindo, dando graças a Deus pelas coisas ruins do mundo?

Ahhh! Tive uma idéia!!!

Puxa vida, há tanto tempo eu vejo este modelo em todos os lugares e não me apercebi ainda? Não é possível! Como posso ser tão desatencioso assim pra ficar aqui procurando modelos de espíritas perfeitos, se tenho o modelo ideal que mais é utilizado.
Eu vou seguir aquele modelo costumeiro a dizer-se humilde! Aquele o qual, de tanta humildade, sempre diz “estou melhor do que mereço”, “eu não represento nada aqui no centro”, “com certeza eu fiz muitas maldades, só maldades, na vida anterior”. Aquele modelo que só se veste com roupas sóbrias, afirmando ser a sobriedade representação de evolução espiritual. Aquele modelo que vê sorrisos e gargalhadas como falta de respeito, o mesmo que define o sexo como coisas imoral e coisa atraente para espíritos trevosos. Aquele que sempre diz “Muita Paz” e manda “beijo no coração” e define formalidade como disciplina.

Taí, descobri o modelo a seguir. Adotando este eu serei um espírita perfeito.
Consciência – Falar “muita Paz” nem sempre significa intimamente desejar e muito menos vibrar almejando a Paz para a pessoa. Mandar beijo no coração, no fígado, nos rins, no estômago ou em qualquer outro órgão pode ser também apenas uma maneira de cumprimentar conforme a moda. Não sejamos, também, contraditórios em ver espinhos nessas roseiras dos adeptos desse estilo, mas que há a possibilidade da forma vir sem sentimento de amor, há sim.

Humildade teatralizada não é Humildade espontânea vivenciada, é humildade de aparência, apenas para os outros verem. Roupas em cores sóbrias sempre foram utilizadas pelos maiores tiranos da história da Humanidade, como o próprio Adolf Hitler, que inclusive só escrevia e falava gramaticalmente correto e até era vegetariano.

Condenar, amaldiçoar, ver problemas obsessivos no sexo, vinculá-lo com imoralidade e prática pecaminosa são características de pessoas possuidoras de sérios problemas de ordem sexual, frustrações, conflitos, mal desempenho e são mesmo mal resolvidas nesta área. Não é modelo para nenhum espírita seguir, é motivo para consultórios de Psicólogos ou Psiquiatras.
 

Já sei, Consciência, não vou mais insistir não. Imagino você querer mesmo recomendar-me, para ser um espírita próximo da perfeição, ficar mesmo com as Obras Básicas do Espiritismo, que recomendam, curto e grosso: O modelo a seguir deve ser Jesus.
Aquele que foi tolerante em relação a todas as falhas da humanidade, menos em relação à hipocrisia e ao falso moralismo, que ele nunca suportou e até foi muito enérgico. Mesmo sendo bom, carinhoso e justo nunca deixou de usar expressões enérgicas quando essas se faziam necessárias, porque nunca foi de fingir humildade.
Aquele que nunca teve qualquer trauma com dinheiro, conforme o exemplo dado da sua convivência com Zaqueu.
Sempre foi ele mesmo e não apenas teatralizador de comportamento para as platéias.

Ta certo, né?
Consciência – Está certo, sim. No próprio movimento espírita você vai encontrar os espíritas autênticos, os possuidores de maior proximidade com a perfeição, porque são sinceros sem ser agressivos e mal educados; são humildes por natureza e não por representação, são dedicados à causa, conhecem a essência da doutrina sem viverem a cobrar comportamentos do próximo. Aqueles os quais diante de um texto ou de uma palestra, buscarão sempre o que de bom ele transmite e não pinçando erros de qualquer natureza para tentar corrigir os outros... adote esses como modelos.

De fato, vou adotar sim, pois conheço vários destes que, inclusive, dão gargalhadas, contam piadas, vivem bem humorados, namoram, vestem-se roupas de qualquer tipo e cor, aplaudem, batem palmas, elogiam e amam incondicionalmente. Passam boas vibrações, naturalmente, quando chegam perto da gente, amam por amar e servem por servir.
Há muitos espíritas assim, estejamos todos de mãos dadas com eles.
 
Artigo reproduzido com autorização do autor

2 comentários:

  1. Olá Sonia, FANTÁSTICO este texto, é tudo e um pouco mais sobre o que eu penso o que é ser uma pessoa Espiritualizada. Na minha opinião, não precisamos seguir nenhum padrão de comportamento ou regra para provar alguma coisa seja lá para quem for. Eu particularmente sinto-me livre. Porque no nosso mundo atual, com tantas religiões não formo um pré conceito com nenhuma, procuro sempre pegar o que cada uma tem de melhor e o que serve para mim, o que não serve não pego. Atualmente não sigo nenhuma(quando as pessoas costumam perguntar qual a minha religião) sou Espiritualista, sigo em meu coração as palavras dele, que para mim é o maior Ser de Luz que houve na Terra "Jesus", e o mais importante, Sigo o meu "Sentir".Porque se somos seres de Luz, o Poder está em nós, nada como seguir o seu sentimento, o que vem de dentro de você. Não tem erro, o que te faz bem, feliz, é a sua verdade. E o que te dá uma sensação ruim, de angustia, não é seu. Está tudo dentro da gente mesmo, só precisamos perceber, vibrando sempre na Luz e no Bem. Confesso que às vezes dou uma caída, quando isso acontece corro para tomar um passe, para repor minhas Energias, porque também precisamos do auxílio do invisível, como seres carnais as provações são muitas e ficam grudadas em nós (formas pensamento, energias intrusas,algum sentimento negativo,etc...). Mas adorei, Linda, Linda, Linda esta mensagem. Um grande abraço! Lú.

    ResponderExcluir
  2. Lú que bom que compartilhamos a mesma maneira de pensar.
    Sou Kardecista, porque necessito de uma linha no meu tracejar.
    Mas tenho minha mente aberta ao espiritual, pois bem sei que que no cosmo, o que vale realmente é o que colocamos em sintonia com o fluido universal, pois basta o pensar para estarmos ligados ao bem maioir que sem dúvida alguma é DEUS, esta energia maior, que rege nosso mundo.
    Beijos fluídicos pra você.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...