12 maio 2009

SOFRIMENTO



















Vou lhes contar uma história que li ou ouvi em algum lugar. Vou contá-la do meu modo. Certa vez, por uma estrada suja e pedregosa, em um lugar deprimente e lúgubre, marchava uma longa fila de condenados que carregavam cruzes muito grandes e pesadas. Lá iam eles, caindo aqui, caindo ali, suados e ofegantes, mas forçados pelos guardas a caminharem sempre para frente. Na procissão dolorosa, ouviam-se gemidos lamentosos e o pranto era uma constante.
Os guardas severos, entretanto, insistiam que a caminhada continuasse. A revolta maior dosprisioneiros era não saberem com clareza por que deveriam levar aquelas cruzes e qual o motivo de suas penas.

Entre os desgraçados, porém, havia um que, se julgando muito esperto,
cautelosamente, cortou um pedaço da sua cruz. Um dos guardas viu o que ele zazia, mas nada disse. Não entendendo o que acontecera, ele imaginou que o guarda houvesse ficado com medo dele ou a ele fosse simpático por motivos que lhe eram desconhecidos.
Continuou a caminhar e, mais ousado, cortou um outro pedaço de sua cruz. Um segundo guarda viu, e agiu do mesmo modo que o primeiro. Os guardas, por certo, não eram tão severos quanto pareciam, pensava ele, e assim, foi cortando a sua cruz até que ela ficou bem reduzida e ele a carregava com grande facilidade, enquanto os outrosprosseguiam gemendo e chorando sob o peso de suas cruzes.
O cortejo seguiu e, a uma certa altura, as condições do caminho começaram a melhorar bastante: a luz do sol, até então ausente, surgiu, penetrando a densa neblina cinzenta, trazendo agradável sensação de calor. O cheiro nauseante de lodo e flores mortas passou a ser levado pela brisa mansa que soprava suave e, em lugar dele, vinha um odor gostoso de manacá no fim de tarde. De repente, chegaram a um platô muito alto de onde se podia avistar, lá em baixo, um vale muito verde e maravilhosamente florido no qual se viam pessoas felizes cantando e dançando. Um som doce de flauta espalhava-se pelo ar e chegava aos ouvidos dos prisioneiros. O grupo parou e, por instantes, contemplou a paisagem paradisíaca. Todos estavam ansiosos para chegarem àquele lugar maravilhoso. Havia, entretanto, entre o platô e o vale, um abismo pavoroso.
O chefe dos guardas, então, disse que os prisioneiros deveriam colocar as suas cruzes no espaço entre os dois lugares para que servissem de ponte. Cada um deles foi colocando a sua cruz e, felizes, atravessavam para o outro lado. Porém, o homem que h avia cortado a sua cruz não pode fazer como os outros e, frustrado, sentou-se no chão e começou a chorar. O chefe dos guardas falou então:
"Meu amigo, volte lá no princípio do caminho, tome a sua cruz e recomece."

Sofrimento não é um castigo como se pensa, mas um instrumento de redenção. A dor é a mestra da vida, como nos disse Musset, e nós, seus eternos alunos. Com ela, diz Anatole France, aprendemos a compaixão e todas as virtudes. Crescemos com ela e nos humanizamos por meio dela. Já se tornou uma espécie de lugar comum, nos meios espíritas, as pessoas dizerem que há dois modos de se chegar ao Espiritismo: pelo amor e pela dor, e concluem que o modo mais comum é a dor.

Texto extraído do livro Qualidade de vida e espiritismo
Autor: José Carlos Leal

"Não deixemos que isto aconteça conosco ou com quem esteja perto de nós, façamos a diferença, tomemos uma atitude, pois o bem que fazemos aos outros é o bem que fazemos a nós mesmos."

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa.Convido-a para visitar nosso blog que também tenta divulgar esta doutrina que tem como objetivo dispertar o dvino no homem.Um abraço fraternal e muita paz.

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