No mundo espiritual, a autoridade da justiça funciona com maior
segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo,
na consciência do próprio indivíduo. Ainda assim, existem no mundo espiritual
santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as
responsabilidades humanas, sopesando lhes os méritos e deméritos. A organização
do júri, em numerosos casos, é ali observada necessariamente, mas ele é constituído
de Espíritos integrados no conhecimento do Direito, com dilatadas noções de
culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, para
que as sentenças ou informações proferidas se atenham à precisa harmonia,
perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na
sabedoria que sustenta. Há delinquentes tanto no plano terrestre quanto no
plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente
desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas
também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas,
se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis. É
importante considerar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos
culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis, e quanto mais
avançado os valores culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame
dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com
que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado
à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e
diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que
reconhece indispensável à própria restauração.
(Evolução em dois
Mundos, 2a Parte, cap. VI, pp. 181 e 182.)
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