O aspecto que as entidades desencarnadas assumem perante os
médiuns humanos, quando se comunicam na Terra, pode variar infinitamente. Os
Espíritos superiores, pelo domínio natural que exercem sobre as células
psicossomáticas, podem adotar a apresentação que mais proveitosa se lhes afigure,
com vistas à obra meritória que se propõem realizar. Entretanto, essa maneira
de intercâmbio não é a mais comum, porque, de modo geral, os desencarnados
impressionam os instrumentos mediúnicos encarnados na forma em que efetivamente
se encontram. Decerto, não falta indumentária digna às criaturas que se
emanciparam do vaso físico, roupagem, toda ela, confeccionada com esmero e
carinho por mãos hábeis e nobres da esfera extrafísica. Importante considerar,
todavia, que os Espíritos desencarnados, mesmo os de classe inferior, guardam a
faculdade de exteriorizar os fluidos plasticizantes que lhes são peculiares,
espécie de aglutininas mentais com que envolvem a mente mediúnica encarnada,
recursos esses nos quais plasmam, como lhes seja possível, as imagens que desejam
expressar e que adquirem para as percepções do médium coloração e movimento,
fazendo-o exprimir-se ou agir, em comportamento semelhante ao sujeito passivo
na hipnose provocada. Tais fenômenos, porém, são isolados e apenas se verificam
entre o médium e a entidade que o influencia, sem substância na realidade
prática, qual ocorre no campo das sugestões, durante a interligação
mento-psíquica, entre o hipnotizado e o hipnotizador. Surge, diante disso, uma
questão curiosa: Como entender a existência de roupas, calçados e outros
petrechos nas entidades desencarnadas? Esclarece André Luiz: “A mente não
comanda as moléculas de algodão do vestuário de que se serve no corpo físico,
mas pode usá-las, segundo as suas necessidades no mundo. Ocorre o mesmo no Plano
Espiritual, em que nos utilizamos das possibilidades ao nosso alcance para
atender a esse ou àquele imperativo de nossa apresentação
(Evolução em dois Mundos, 2a
Parte, cap. V, pp. 179 e 180.)
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